Crianças japonesas são ‘saudáveis’ e ‘infelizes’, diz relatório da Unicef sobre países ricos

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Nesta quinta-feira (3), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou um relatório sobre a qualidade de vida de crianças e adolescentes nos 38 países mais desenvolvidos do mundo.

O relatório intitulado de “Worlds of Influence: understanding what shapes child well-being in rich countries”, colocou o Japão na 1° posição do ranking sobre saúde e na 37° posição — a segunda pior — no quesito “felicidade psicológica”.

Uma reportagem do jornal Asahi explicou que a pesquisa compara fatores como a proporção de crianças que disseram que estão satisfeitas com a vida e a taxa de suicídio, para formular o índice de “felicidade psicológica”.

O índice de “saúde”, que as crianças japonesas ficaram no topo, considera taxas como a de mortalidade, obesidade e outros fatores físicos.

Outro índice é o de “habilidades”, que compara capacidades como interpretação de texto e as habilidades sociais, como a proporção de crianças que se dizem confiantes para fazer amigos.

Neste quesito, as crianças japonesas também apresentaram baixo desempenho, ficando na 27° posição. Nos dados gerais, considerando os três índices em todos os países, o Japão ficou em 20° lugar.

Segundo o relatório, 40% dos adolescentes de 15 anos no Japão, que responderam a pesquisa, deram nota abaixo de 5 quando foram questionados se estão satisfeitos com a vida.

A escala ia do número um ao número dez.

Na Holanda, país onde as crianças ficaram em primeiro lugar no índice de “felicidade psicológica”, cerca de 90% dos adolescentes deram nota alta quando questionados se se sentem satisfeitos.

O índice de “felicidade psicológica” foi ocupado em 2° lugar pela Dinamarca e em 3° lugar pela Noruega, mostrando que há um melhor desempenho nos países nórdicos.

O QUE FAZ A INFÂNCIA FELIZ?

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Segundo o relatório da Unicef, uma infância considerada feliz e satisfatória depende desses três fatores: boa saúde mental, saúde física e “habilidades para a vida”.

O relatório explica que se sentir positivo e em um bom estado de bem-estar mental são as chaves da qualidade de vida. No entanto, um grande número de crianças nos países considerados ricos não possuí essas características.

De acordo com os dados, em 12 de 41 países, menos de 75% dos adolescentes de 15 anos sentem alta satisfação em suas vidas. O suicídio é apontado como uma das causas mais comuns de morte entre jovens de 15 a 19 anos.

Os indicadores de “boa saúde física” também mostram dados preocupantes em muitos países, apesar de serem satisfatórios no Japão.

Uma em cada 15 crianças de países desenvolvidos nasce abaixo do peso. Em 10 países, pelo menos uma a cada três crianças enfrenta obesidade.

Com relação as “habilidades para a vida”, o relatório apontou que há falta de habilidades sociais em crianças e jovens de muitos países ricos.

A cada cinco crianças, duas não adquirem capacidade básica de leitura, interpretação de texto e matemática até os 15 anos.

A confiança em desenvolver relacionamentos interpessoais se mostrou ativa na maioria das crianças, que afirmou ter facilidade em fazer amigos.

No entanto, em 18 países, mais de uma a cada quatro crianças mostrou não ter confiança para fazer amigos.

BEM-ESTAR EMOCIONAL

Photo by Charles Deluvio on Unsplash

A Unicef apontou que há uma relação profunda entre o bem-estar emocional das crianças e a capacidade da família de dar suporte. Em muitos países, crianças que contam com um maior apoio famíliar estão emocionalmente mais estáveis.

A falta de suporte familiar em países desenvolvidos está muitas vezes relacionada às limitações do sistema. O relatório mostrou que em cinco países, as licenças maternidade e paternidade são menores do que 10 semanas.

No caso dos pais, o benefício costuma ser muito inferior ao das mães.

O pensamento de priorizar o trabalho é outra questão apontada no relatório, pois resulta em jornadas de longas horas e estresse, o que reduz o tempo e a energia que os pais possuem para se dedicar aos seus filhos.

Outra questão apontada foi o bullying, que se mostrou como um problema sério e contínuo também nos países mais desenvolvidos. Há um impacto negativo nos relacionamentos e na saúde das crianças.

Segundo a Unicef, crianças que sofrem bullying com frequência possuem menores níveis de satisfação com a vida.

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(Matéria publicada em 3 de setembro de 2020)

Autor: Ana Paula Ramos

Jornalista e escritora, Ana tem sete anos de experiência no Japão, atuando como repórter na comunidade brasileira e como freelancer. Ela é a fundadora do Japão sem Tarjas e criadora do grupo ambiental "Por que você também não faz?". Em outubro de 2020, publicou o primeiro livro, "O Oitavo Andar", um suspense que se passa na cidade de Gramado. Em 2022 publicou o segundo livro, "O Diário da Minha Vida Ingrata", uma fantasia criada a partir de uma história real.

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