A floresta sagrada em Quioto que vem sendo utilizada como ponto de abandono de lixo

Esquerda: Yomiuri Shinbun / Direita: Maidona News

A região do Templo Ninna-ji a oeste da cidade de Quioto se transformou em um local conhecido de abandono ilegal de lixo. A quantidade de objetos descartados vem ameaçando a reputação de uma área natural que, além de sagrada, é patrimônio da humanidade.

O local onde o lixo tem sido deixado fica ao norte do templo, em um caminho de peregrinação formado por 88 santuários no Monte Jyoju. A trilha natural costumava ser um ambiente de paz, fé e calmaria, que atraía turistas, visitantes e fieis.

Agora, o caminho em plena natureza parece mais um aterro sanitário.

Na trilha que leva até a estátua em adoração ao monge budista Kukai, que fundou a escola budista Shingon (Verdadeira Palavra) entre os séculos 8 e 9, é possível ver eletrodomésticos e móveis, como microondas e sofá, além de pneu de carro, colchão, lixo plástico e outros itens domésticos.

Segundo reportagem do jornal Yomiuri, o local fica em uma inclinação e cerca de 10 metros acima tem uma estrada. Os responsáveis pelo abandono de lixo costumam parar o carro na beira da estrada e jogar o lixo de lá, fazendo com que o objeto caia na trilha ou próximo a ela.

Foto: Kyoto Shinbum

Monges e moradores locais têm se esforçado de forma voluntária para limpar a região, mas enfrentam dificuldades em mover eletrodomésticos e móveis de porte grande. Além disso, depois que a limpeza é realizada, a trilha volta a acumular mais lixo rapidamente, o que tem obrigado os voluntários a recolher uma vez por mês.

“Esse lugar aqui não é uma lixeira. As pessoas provavelmente acreditam que não serão descobertas e continuam fazendo. O sentimento é de que estão pisando e massacrando a fé dos outros”, lamentou Tomoharu Iwasaki, do Departamento de Manutenção do Ninna-Ji.

AÇÔES PREVENTIVAS

Algumas medidas já foram tomadas na região para tentar coibir o abandono de lixo, embora não tenham surtido o resultado desejado até o momento.

A Associação de Moradores de Utano (bairro local) chegou a organizar vistorias periódicas para tentar flagrar os responsáveis. No entanto, a maioria dos casos costuma acontecer de madrugada, o que tem sido inviável aos moradores.

Foto: Kyoto Shinbum

A partir de março, câmeras de segurança serão instaladas na estrada e os casos devem ser encaminhados para a investigação da polícia local.

Como o abandono de lixo é um crime ambiental regulamentado no Japão o responsável que for identificado pode ser condenado a 5 anos de prisão ou pagamento de multa de até ¥10 milhões.

Autor: Ana Paula Ramos

Jornalista e escritora, Ana tem sete anos de experiência no Japão, atuando como repórter na comunidade brasileira e como freelancer. Ela é a fundadora do Japão sem Tarjas e criadora do grupo ambiental "Por que você também não faz?". Em outubro de 2020, publicou o primeiro livro, "O Oitavo Andar", um suspense que se passa na cidade de Gramado. Em 2022 publicou o segundo livro, "O Diário da Minha Vida Ingrata", uma fantasia criada a partir de uma história real.

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