O japonês que ganhou ¥100 milhões na loteria e decidiu não mudar de vida: “sigo no trabalho”

Casal pagou o financiamento da casa, fez viagens internacionais e o dinheiro triplicou com investimentos, mas o padrão de vida é o mesmo.

Fotos: Nikkan SPA! (imagens ilustrativas)

O prêmio máximo da loteria é suficiente para fazer qualquer um chutar o balde, pedir demissão e ir curtir a vida sem preocupações.

Um casal japonês de meia idade, que conseguiu ganhar ¥100 milhões em um golpe de sorte, pensa diferente. Eles surpreenderam ao dar uma entrevista para o portal Nikkan SPA! (veja aqui). 

Quatro anos depois de receber o dinheiro, a conta bancária segue engordando, mas a rotina e o padrão de vida não mudaram. Kenta Nakamura*, de 48 anos, trabalha em uma empresa de produtos eletrônicos e segue normalmente suas atividades como um trabalhador assalariado comum.

Uma pesquisa do Instituto de Políticas de Trabalho e Treinamento do Japão diz que 34% dos trabalhadores de empresas japonesas não conseguem se tornar mais do que chefes de setores.

Há poucas oportunidades de promoção, o salário é regular e o estresse pode não compensar o esforço. Considerando este cenário, é curioso pensar que o contemplado pela loteria e dono de uma fortuna suficiente para viver o resto da vida com conforto irá preferir manter a mesma rotina de trabalho de antes.

Um pouco mais de conforto

Quem apostou e ganhou a bolada foi Yoko*, a esposa de Kenta. A primeira coisa que o casal fez há quatro anos, quando recebeu o dinheiro, foi pagar os ¥20 milhões que faltavam do financiamento da casa da família.

“Primeiro acabamos com a dívida e depois fizemos várias viagens internacionais. Passamos a tomar bebidas mais caras e a comer carne de maior qualidade. Depois aplicamos o dinheiro em um fundo de previdência, seguindo o desejo da minha esposa”, comentou Kenta.

Os ¥100 milhões de quatro anos atrás triplicaram. Hoje a fortuna do casal está em ¥300 milhões.

“Minha esposa trabalhava em uma empresa do setor financeiro. Ela aplicou o dinheiro da loteria e o fundo cresceu. Hoje vivemos em uma tranquilidade plena”, diz.

Fortuna secreta

Photo by Chronis Yan on Unsplash

O casal tem dois filhos que não sabem que os pais ganharam na loteria e possuem um fundo de investimentos avantajado.

“Nós não queríamos que os nossos filhos ficassem pirados sob a influência do dinheiro”, Kenta justificou a decisão.

E se nem a família sabe, quem dirá os amigos e conhecidos. 

Kenta segue a vida normalmente no trabalho, sem ostentações e sem que os colegas sequer imaginem.

A principal mudança foi a psicológica, já que a consciência da fortuna acabou com qualquer preocupação financeira.

E no trabalho, o salário de Kenta está longe de ser um ganho que faça o serviço valer a pena, ainda mais para quem não precisa de dinheiro.

“Mesmo antes da loteria, o meu departamento tem pouca hora extra, os lucros são baixos e a minha renda anual é de ¥5,5 milhões. Os funcionários do mesmo nível que eu que estão no departamento de vendas ganham ¥1 milhão a mais por ano. Antes eu queria pedir transferência, mas agora não tem mais necessidade”, explica.

Kenta não tem motivos para querer aumentar o salário e no departamento em que está o volume de trabalho também é menor do que nos outros. Ele decidiu ficar por lá mesmo.

A mudança no psicológico também ajudou Kenta a se sentir mais motivado. Depois de ganhar na loteria, ele conta que ficou mais feliz com o serviço.

“A abundância financeira me deixou mais tranquilo com as minhas obrigações. Até as atividades que eu domino, mas nunca gostei de fazer, eu passei a me dedicar com mais vontade. Não tem nada melhor do que trabalhar se sentindo bem”, declara.

A fortuna pode não ter mudado o padrão de vida do casal, mas trouxe satisfação pessoal. Não seria um erro dizer que o dinheiro trouxe felicidade.

*Nomes fictícios

*Siga a página Japão sem Tarjas no Facebook (veja aqui) e no Instagram (@japaosemtarjas) e acompanhe as novas publicações.

Autor: Ana Paula Ramos

Jornalista e escritora, Ana tem sete anos de experiência no Japão, atuando como repórter na comunidade brasileira e como freelancer. Ela é a fundadora do Japão sem Tarjas e criadora do grupo ambiental "Por que você também não faz?". Em outubro de 2020, publicou o primeiro livro, "O Oitavo Andar", um suspense que se passa na cidade de Gramado. Em 2022 publicou o segundo livro, "O Diário da Minha Vida Ingrata", uma fantasia criada a partir de uma história real.

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