Quem quer se isolar? Pandemia impulsionou venda de ilhas desertas no Japão

Photo by Marek Okon on Unsplash (imagem ilustrativa)

Ter uma ilha deserta para chamar de sua deve ser o sonho de consumo de qualquer um.

Com a pandemia do coronavírus e o isolamento social em alta, o interesse pela compra de ilhas desabitadas cresceu no Japão e surpreendeu a imobiliária Aqua Styles, a primeira no país a oferecer este tipo de negócio.

Na última semana, o assunto chamou atenção quando o popular comediante Takashi Yoshimura, da dupla Heisei Nobushi Kobushi, disse durante o programa Shiawase! Bonbi Girl, da emissora Nippon TV, que pretende adquirir uma ilha desabitada.

Yoshimura, que faz dupla com o comediante Kenta Tokui, revelou detalhes de seu plano ambicioso. Ele disse que está de olho em uma ilha de 4.500 m² e que custa cerca de ¥150 milhões (R$ 7,5 milhões).

“Quero uma ilha para fazer festas, onde eu possa tocar música alta sem precisar me preocupar com os vizinhos”, declarou.

Segundo uma reportagem do portal Post Seven, o Japão tem 6.432 ilhas desabitadas. A maioria está em posse do governo, mas há algumas dezenas que podem ser adquiridas de forma individual.

MERCADO CURIOSO

Photo by Cris Tagupa on Unsplash (imagem ilustrativa)

Nem todo mundo ficou mal com a pandemia. A imobiliária Aqua Styles se surpreendeu no mês de março, quando viu as consultas e o interesse referente a venda das ilhas aumentarem repentinamente.

“Essas ilhas não possuem circulação de pessoas e tem a imagem de serem seguras. Geralmente vendemos uma ilha a cada três anos, mas em março, efetivamos duas vendas no mês. Fiquei muito surpreso”, contou o presidente da empresa, Masanobu Sato, para o Post Seven.

A imobiliária oferece cerca de dez ilhas ao redor do arquipélago japonês e outras em território estrangeiro.

Os preços variam de acordo com as belezas naturais e é claro, a infraestrutura que a ilha oferece, como eletricidade e água potável. De acordo com Sato, as ilhas mais baratas não possuem instalações, mas nem por isso o proprietário terá dificuldades em aproveitar o local.

“Nas ilhas que não possuem nada é possível instalar painéis solares e um sistema de dessalinização a custos acessíveis. Não há problemas para ficar no local, o custo de manutenção é baixo e o imposto da propriedade varia entre ¥20 mil (R$ 1 mil) e ¥100 mil (R$ 5 mil) por ano”, explicou.

interesse do comprador nas ilhascostuma variar, desde pessoas como o comediante Yoshimura, que adquire o espaço pensando em passar um tempo e fazer festas privadas, até aqueles que decidem se mudar para curtir uma vida mais calma, repleta de natureza e com pouca interferência social.

PARAÍSO EM OKINAWA

ilha mais cara oferecida pela imobiliária Aqua Styles se chama Ubanari e fica em Okinawa, no sul do Japão, a região que ostenta as praias mais bonitas do arquipélago nipônico.

Ubanari, em Okinawa (Google Maps)

A localização é próxima a ilha de Ishigaki e a área é de 11,131 m². O território mais próximo é a bela ilha turística Iriomote. Ubanari é uma das poucas ilhas disponíveis para a compra no território de Okinawa e não sai por menos de ¥500 milhões (cerca de R$ 25 milhões).

Rodeada por um mar de águas verdes de tirar o fôlego, a ilha também tem um acesso fácil.

“Quando a maré está baixa, é possível caminhar de Iriomote até Ubanari. É uma ilha rara em Okinawa, não deixe de comprar”, anuncia a propaganda no site da imobiliária.

A ILHA MAIS BARATA

O sonho de comprar uma ilha deserta talvez não esteja tão distante assim. A ilha mais barata oferecida pela Aqua Styles tem 495 m² e custa a bagatela de ¥6 milhões (cerca de R$ 300 mil).

Isso mesmo, mais barata que muitas casas nas cidades grandes. A ilha de 495 m² não tem nome e fica na baía Ago, próxima a ilha Masaki (Shima), na província de Mie.

Ilha mais barata do Japão, em Mie (Reprodução/Aqua Styles)

ilha é a mais barata do Japão e apesar de pequena, possui uma área de 300 m² para uso em seu interior.

Não há uma natureza exuberante como em Okinawa e nem infraestrutura, mas sem dúvida é um lugar para erguer um acampamento, se isolar do mundo e chamar de seu. Gostou?

Confira o site da imobiliária: aqui

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Autor: Ana Paula Ramos

Jornalista e escritora, Ana tem sete anos de experiência no Japão, atuando como repórter na comunidade brasileira e como freelancer. Ela é a fundadora do Japão sem Tarjas e criadora do grupo ambiental "Por que você também não faz?". Em outubro de 2020, publicou o primeiro livro, "O Oitavo Andar", um suspense que se passa na cidade de Gramado. Em 2022 publicou o segundo livro, "O Diário da Minha Vida Ingrata", uma fantasia criada a partir de uma história real.

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