A japonesa que foi condenada a pagar ¥4 milhões por trair o marido e não pode mais ver a filha

Unsplash — imagem ilustrativa

A japonesa Emi Nakano*, de 42 anos, acabou pagando caro depois que Hiroshi*, o marido também japonês, descobriu que estava sendo traído.

Emi levava uma vida confortável ao lado da filha e do marido, que era um funcionário de alto escalão de uma empresa japonesa de grande porte.

A família costumava se mudar a cada três anos por causa das transferências que Hiroshi sofria no trabalho. Graças a renda alta do marido, podiam viver em uma vizinhança elitizada e a menina frequentava escolas particulares.

Há cerca de quatro anos, Emi viu sua realidade confortável desabar, depois que foi confrontada com as provas de sua traição.

“Pensando com clareza agora, vejo que eu acreditei que nunca seria descoberta. Achava seriamente que podia seguir levando aquela vida sem nenhuma consequência”, relatou ao portal Joshi SPA.

O mundo de Emi desabou em uma noite, quando a família se preparava para se mudar da região de Kyushu (no sul do Japão), após uma nova transferência do marido.

“Ele chegou dizendo que precisávamos ter uma conversa séria. Depois me mostrou as fotos com o amante, nós abraçados, entrando no apartamento dele. Nós dois entrando e saindo de um motel.”

Hiroshi passou a desconfiar do comportamento da esposa e contratou um detetive para investigar o caso. “Eu percebi que estava tudo acabado. Jamais imaginei que ele poderia colocar um detetive atrás de mim”, disse.

As leis japonesas possuem um forte amparo para pedidos de indenização quando um casamento acaba por traição.

Alguns fatores podem encarecer a cobrança em cima da parte infiél, como a quantidade de vezes que a traição ocorreu ou se o amante era próximo do parceiro (a).

Casos de mentiras agravam ainda mais. Se a pessoa traiu e negou sua infidelidade, isto pode ser visto como “má índole” e sinal de que não houve arrependimentos.

CONSEQUÊNCIAS

O caso de Emi acabou em divórcio e em uma condenação de ¥4 milhões de indenização, mas não parou por aí.

Ela declarou que não queria abrir mão de seus direitos como mãe, mas dois fatores pesaram nesta questão.

O primeiro foi o fato de Emi ter deixado a filha, então estudante do primário, para se encontrar secretamente com o amante e a outra questão foi a incapacidade financeira para sustentar a menina após o divórcio.

Photo by Anthony Tran on Unsplash (imagem ilustrativa)



“Minha filha estava no quarto ano do primário quando tudo aconteceu e ela entendeu bem o motivo do divórcio. Ela ficou furiosa com a traição e chegou a me acusar, a dizer que eu não era uma mãe de verdade”.

A menina também declarou que queria morar com o pai. Tempos após o divórcio, Emi soube que a filha estava morando na casa dos avós paternos.

“Fui recusada em todas as minhas tentativas de visitas e desde a separação, nunca mais pude encontrar minha filha”, contou.

Os ¥4 milhões de indenização correspondem a ¥2 milhões exigidos pelo ex-marido e outros ¥2 milhões exigidos pela companheira de seu amante, que também era casado.

reportagem não divulgou se o amante foi condenado a pagar a mesma quantia ou outros valores.

DESFECHO

A descoberta da traição e suas consequências viraram a vida de Emi de cabeça para baixo.

Emi Nakano*, de 42 anos em seu novo estilo de vida. Reprodução/Joshi SPA!

Ela passou a enfrentar dificuldades financeiras que não existiam quando estava casada. Seus pais deram conta de pagar a indenização, mas foi apenas um empréstimo.

“Foram muitos anos de casada em que tive uma vida de conforto que parecia natural. Não tinha consciência de que tudo que eu tinha era fruto do esforço do meu ex-marido”, diz.

Com o divórcio, ela teve que deixar a casa que vivia com o esposo, mas os pais não aceitaram a filha de volta na casa da família.

Ela passou a viver sozinha em um apartamento alugado e conseguiu um trabalho temporário que paga ¥140 mil por mês. Cerca de ¥50 mil de sua renda mensal é destinada ao reembolso de seus pais.

Depois de pagar as contas básicas do mês e o valor referente a indenização, Emi acaba sem dinheiro nenhum.

A traição também gerou problemas no relacionamento com seus pais. Ela conta que ainda fala com a mãe, mas o pai cortou relações.

“Meu pai não fala mais comigo. Ele é uma pessoa muito rigorosa com este tipo de coisa, pois seu pai abandonou ele e os irmãos quando eram pequenos e eles sofreram muito. Por causa disto, ele não pode me perdoar”, explica.

Emi conta que já quitou mais da metade de sua dívida com os pais, mas vive uma realidade de desesperança.

“Ainda falta ¥1,5 milhão e quando terminar de pagar, não tenho mais nenhum objetivo. Não posso realizar o desejo de encontrar minha filha e já passei da maturidade como mulher. Não sei que tipo de expectativas eu posso ter no futuro”, desabafou.

*Nomes fictícios 
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Autor: Ana Paula Ramos

Jornalista e escritora, Ana tem sete anos de experiência no Japão, atuando como repórter na comunidade brasileira e como freelancer. Ela é a fundadora do Japão sem Tarjas e criadora do grupo ambiental "Por que você também não faz?". Em outubro de 2020, publicou o primeiro livro, "O Oitavo Andar", um suspense que se passa na cidade de Gramado. Em 2022 publicou o segundo livro, "O Diário da Minha Vida Ingrata", uma fantasia criada a partir de uma história real.

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